Livro
On The Road (Pé na Estrada)/
Tradução, introdução e posfácio de Eduardo Bueno/
L & PM POCKET, 2004
Parte Um, ap. 2Eu tinha ficado delirando em cima de mapas dos Estados Unidos durante meses, em Paterson, e até lendo livros sobre os pioneiros e saboreando nomes instigantes como Platte e Cimarron e tudo mais, e no mapa rodoviário havia uma longa linha vermelha chamada Rota 6 que conduzia da ponta do cabo Cod direto a Ely, Nevada, e daí mergulhava em direção a Los Angeles. Simplesmente vou ficar na 6 o tempo inteiro até Ely, disse a mim mesmo e confiantemente dei a partida. Para pegar a Rota 6, eu deveria subir até Bear Mountain. Sonhando com as curtições de Chicago, Denver e finalmente de San Fran, peguei o metrô da Sétima Avenida até o fim da linha na rua 242 e lá tomei o trólebus para Yonkers; do centro de Yonkers um novo trólebus me conduziu até os limites da cidade, na margem leste do rio Hudson. Se você jogar uma rosa no rio Hudson, em sua misteriosa nascente nas Adirondacks, imagine todos os lugares pelos quais ela viajará antes de desaparecer no mar para sempre -pense no sublime vale do Hudson! Meu polegar apontava montanha acima. Cinco caronas esparsas me conduziram à ambicionada ponte de Bear Mountain, onde a Rota 6 penetra em curva depois de deixar a Nova Inglaterra. Começou a chover torrencialmente assim que fui deixado ali. Era uma zona montanhosa. Atravessando o rio, a Rota 6 fazia um enorme retorno e desaparecia na imensidão. Não só não havia nenhum tráfego como também chovia a cântaros e eu não tinha onde me abrigar. Tive que correr para baixo de alguns pinheiros para me cobrir, o que não chegou a ser uma idéia genial; comecei a chorar e a praguejar e a esmurrar a própria cabeça por ser tão estúpido. Estava a uns sessenta quilômetros ao norte de Nova York e, durante todo o caminho, já estava cismado com o fato de, nesse meu primeiro grande dia, estar avançando apenas para o norte em vez de seguir para o Oeste dos meus sonhos. Agora, ali estava eu empacado justamente no limite mais setentrional dessa jornada obsessiva. Corri uns quinhentos metros até um posto de gasolina abandonado, construído num elegante estilo inglês, e parei debaixo de um telhado gotejante. Muito acima de minha cabeça a hirsuta e imponente Bear Mountain enviava os trovões que gelavam minha alma. Tudo o que eu podia distinguir eram árvores nebulosas e a desolada vastidão elevando-se aos céus. "Que merda estou fazendo aqui em cima?", xinguei, implorando por Chicago. "Agora mesmo estão todos lá numa boa, curtindo isso e aquilo, e eu aqui, quando é que vou chegar lá?" -essas coisas. Finalmente um carro parou no posto abandonado; o homem e duas mulheres que estavan nele queriam consultar um mapa. Aproximei-me no ato e gesticulei na chuva; eles se questionaram; claro que eu parecia um maníaco, com meu cabelo todo molhado e os sapatos encharcados. Meus sapatos, que perfeito idiota eu sou, eram umas alpargatas mexicanas de corda trançada, absolutamente impróprias para a cruel noite chuvosa da América, para a noite voraz da estrada. Mas eles me deixaram entrar e me levaram de volta para Newburgh, o que aceitei como uma alternativa melhor do que ficar a noite inteira preso na desoladora Bear Mountain. "Além disso", disse o homem, "praticamente não há tráfego pela 6. Se você realmente quer ir para Chicago, seria melhor sair pelo túnel Holland em Nova York e seguir em direção a Pittsburgh", e eu sabia que ele estava certo. Era meu sonho se ferrando, a idéia idiota de que seria simplesmente maravilhoso seguir uma única e grande lihna vermelha através da América, em vez de tentar várias estradas e rotas.
Em Newburgh tinha prarado de chover. Caminhei até o rio, e tive que voltar para Nova York num ônibus junto com uma delegação de professores primários que retornavan de um fim de semana nas montanhas -todo aquele papo furado, blá, blá, blá, e eu simplesmente puto comigo mesmo, lamentando todo o dinheiro que tinha gasto e louco para pegar o rumo do Oeste, o que, na verdade, tinha tentado fazer durante o dia e a noite inteira, indo para cima e para baixo, para o norte e para o sul, como uma coisa que não engrena. Jurei que estaria amanhã em Chicago, e pra não deixar dúvidas decidi pegar um ônibus até Chicago, gastando quase todo o meu dinheiro, mas eu estava poco me lixando, contanto que estivesse em Chicago amanhã.
De uno de nuestros viajes, este librito de bolsillo sirvió para conectar más de tres generaciones. "La Bíblia de la generación beat" reza la contratapa, en portugués obviamente.
Me da vergüenza admitirlo, pero hasta este pasaje había alcanzado a leerlo, después se lo dejé a papá, y ahora con suerte lo retome, con más tiempo por delante.
Jack Kerouac, quien escribía en 'papel de telégrafo' (imagino que contínuo), porque cualquier otro 'formato' estructuraba las ideas y el pensamiento, según repetía un escritor frustrado en una de las últimas pelis que enganché pero no terminé de ver porque no me enganchó lo suficiente a mí.
Lo que sí leí fue el prefacio, che.
No hay comentarios.:
Publicar un comentario